
Talvez estes textos não estejam muito bem escritos ou completos, mas é o máximo de informação que consegui reunir durante as palestras para compartilhar com vocês daqui da índia, um país tão rico, diversificado e com tantas coisas para nos ensinar. Quero deixar claro que não estou emitindo meu ponto de vista acerca dos tópicos que eles abordaram, mas sim compartilhando com vocês quase que literalmente o que foi falado por eles. O texto é grande, assim como a mensagem que trasmitem.


A primeira palestra que tivemos foi com o Sahay, o Responsável pela pesquisa filosófica do yoga na biblioteca no instituto kaivaladhama. Ele trabalha aqui ha 38 anos. Começou a palestra falando um pouco sobre meditação de acordo com o gueranda sanhita. E passamos a praticar esta meditação conduzida por ele.
Esta meditação é baseada na visualização e também na imaginação. Você deve imaginar alguma coisa e criar o conceito do que foi induzido. Como se estivéssemos vendo a tela de um pintor. Quando o pintor pinta, pode pintar o mundo inteiro ou apenas uma parte dele, e é o que devemos ser capazes de conseguir na meditação. Devemos ser capazes de expandir e também de contrair nosso foco e pensamento, assim como a imaginação.
Fizemos uma meditação de visualização bem completa, abrangido todos os sentidos, menos o paladar. Isto é importante perceber, pois estamos sendo atraídos para o mundo externo através dos nossos olhos o tempo todo. Não somos diferentes dos nossos órgãos sensoriais, pois sempre queremos experimentar. Mas quando estamos em meditação, provemos todo o alimento para o oragos sensoriais, sem necessariamente experimentar. E através desse estimulo, vamos tendo cada vez menos atraídos para o mundo externo.
Após esta introdução, falou de patanjali, grande sábio fundador e sistematizador do Yoga. Mas naverdade, foi mais um sistematizador, pois o yoga é ainda antigo a patanjali. Ele teve acesso a estas informações e compilou tudo.

Patanjali foi um grande doutor. Quando vamos ao médico, ele descobre que estamos com alguma doença. A primeira coisa a saber é qual a causa dessa doença e muitas vezes somos convencidos dessa origem. Sem nos convencer, não faremos o tratamento. Nós aceitamos mesmo os médicos que entendem qual a causa dos nossos problemas. E aceitamos e nos tratamos quando temos certeza da causa e do tratamento correto.
Seguimos então 04 métodos. Primeiro, ter a doença. Segundo, a causa. Terceiro, a doença pode ser removida e o quarto, o método para tratar a doença. Patanjali usa estes métodos. Filosofia dele está intimamente ligada com a existência. Por isso precisamos entender porque. Quando estamos sofrendo, pensamos: que tipo de dor que estamos sentindo e podemos remover!? Se já passou, não tem porque remover, pois passou. Mas a dor do presente, essa é a que deve ser removida. E a dor que ainda não chegou também pode ser evitada.
A lei do karma é base no yoga, tudo que fazemos tem suas consequências, seja nesta vida ou seja depois. Podemos sentir os efeitos imediatos ou podemos não sentir nesta vida. Mas
necessariamente as consequências vão vir. Esta filosofia está baseada na vida após a morte, conceito indiano do ciclo da vida e da morte. Mesmo para quem não acredita em outras vidas, devem entender que as consequências de seus atos irão chegar.
Patanjali define estes 03 tipos de dor: a que já foi, a que virá e a que estamos experimentando agora. O que estamos vivendo agora é conseqüência de algum karma passado e temos que experimentar, a dor está aí. Mas tudo isso está relacionado aos objetos com os quais lidamos dia a dia. E nosso apegos aos diferentes objetos é de diferentes intensidades. Assim também acontece com o nosso apego às pessoas. Mas com o passar do tempo, com as coisas ficando velhas, vamos perdendo o apego e ele vai perdendo intensidade. O objetivo ao qual nos apegamos, pode nos trazer alegria hoje e dor amanhã. Então, onde quer que haja dor, a dor é relativa.
O que quer que tenho sido criado, vai ser depreciado ou destruído. Nós criamos muitas coisas que não podem ser permanentes. Pois isso temos dor. É por isso que patanjali fala que a razão da dor é o apego e devemos reduzir cada vez mais o nosso apego. Claro que é difícil desaparecer com ele, mas devemos reduzir cada vez mais.
Sem órgão sensoriais, permanecemos apenas o EU puro. Não nos ligamos nem nos apegamos a nada. O quanto vc pode reduzir seus apegos é o quanto vc pode reduzir o seu sofrimento. E o método que patanjali usa para reduzir este apego é o asthanaga yoga, yoga das 08 partes. Isso é exatamente o que está relacionado com todo nosso universo. Abrange nossos aspectos sociais, intelectuais, físicos e também tudo que nos cerca. Estas partes são: Yama, nyama, asana, pranayama, dharana, pratyahara, dhyana e samadhi.
Devemos perceber quantas coisas acumulamos sem necessidade. Por isso, devemos minimizar a acumulação, pois não precisamos de muito para nos realizarmos e sermos felizes. Quando menos coisas, menos apego. Finalizou a palestra com as 03 frases que devemos lembrarMais apego, mais dor. Menos apego, menos dor Sem apego, sem dor!!


A segunda palestra foi com Anubhavabanda, um Swami muito respeitado aqui na índia e que já foi no Brasil algumas vezes também no ensinar. Novamente deixo claro que são transcrições do que foi falado por ele e não há minha opinião ou ponto de vista expresso neste texto, mas
apenas o que realmente foi ensinado.
Tradições são importantes para cada país. É importante se conectar com a tradição do seu país para se descobrir.
A existência é expressa em quatro níveis. Nas montanhas e nos rios, Deus se expressa como puramente existência. Olhando para a natureza, vemos o reino do plano divino, onde é projetada a existência e a vida. Então, no mineral existe existência apenas.
No Reino Vegetal, temos existência e também a vida. Este é o segundo nível. O terceiro nível são os animais que englobam a existência, a vida e o conhecimento.
Mas não somos nenhum destes reinos. O quarto nível, os humanos, tem existência, vida, conhecimento e espiritualidade. Sabemos que para ser seres humanos, temos que adicionar algo mais. Ser muito mais que animais. É aqui que a tradição e também nossa cultura é associada com a sociedade humana.
Manusha (seres humanos) são aqueles que estabelecem conexão com a mente e por isso temos relações e responsabilidades com as pessoas. Para este relacionamento, nós mantemos isso na nossa mente.
Tradição e cultura nos ajudam a crescer espiritualmente. Na índia, não tiram férias para descansar, mas sim, para peregrinar. Essa tradição é buscar a Deus em todas as coisas. Vermos as montanhas como Deuses, o ganges, as árvores. Tudo que existe é Deus. Com esta visão, nossa qualidade de vida será diferente. Não conseguimos ser indulgentes com uma visão divina do mundo. E só não sendo indulgentes, conseguimos ver nosso interior e olhar para dentro. A tradição indiana é assim.
Primeira coisa do dia é saudar a terra, antes de pisar no chão. Pedir autorização a Deus para pisar no solo, começando o dia de maneira divina.
Segundo, uma oração para as mãos. A ponta do dedos são a riqueza. No meio da palma, a sabedoria. E na base da palma, está Deus ele próprio. Tudo isso está na nossa própria mão. A mão que ajuda é a sua mesmo, que sai do seu próprio braço.

Logo em seguida, tomar banho. O dia não começa um banho. Nos tornamos limpos e a mente mais clara e com a mente pura, começamos nossas orações mesmo tomando banho. Assim, a sonolência da noite não vai aparecer durante o dia. Quando lembramos de Deus no banho, nosso dia é orientado por Deus e não pelo corpo. O corpo é só um instrumento.
A nossa comida deve sempre fresca, nunca congelada. Toda a mente muda quando comemos comida fresca, um comer que se torna uma prática espiritual. Dizem que a comida não é nada além de Deus. Antes de comer, oferecemos a comida a Deus e só depois comemos. Nem mesmo provamos a comida antes de oferecer. Tudo isso tem um efeito poderoso na mente. Depois disso, todo o dia será para fazer trabalho de maneira sincera. A cada coisa que estivermos fazendo, sempre lembrar da presença divina. Namastê nada mais é do que uma saudação ao divino, reconhecendo-o na outra pessoa.
Vendo Deus em tudo, na mãe, pai e seus amados, também poderemos ver deus até no que não é ser humano. Assim, a mente se torna mais pura e nos mais introvertidos. Se tornar introvertidos é o caminho para a vida espiritual.
Tradição indiana hindu nos ajuda a ter um caminho espiritual. Nos tornamos pessoas de coração puro. Ai começam a surgir as questões "quem sou eu" e "onde está Deus".
Nossa vida é baseada em tentar mudar os outros. Mas desperdiçamos tempo, pois isso mão é possível. A lei do karma diz "pare de culpar o mundo". Nós somos responsáveis por tudo que acontece na nossa vida. E quando aceitamos isso, damos o primeiro passo na vida espiritual. E então, vem novamente todas aquelas perguntas. Quando fazemos esta pergunta, estamos prontos para o caminho espiritual. Por isso estou aqui. A índia é um lugar para quem busca evolução espiritual, todos sabem. 95% dos mestres espirituais nasceram na índia, por isso a
energia é tão forte.
Nao importa as coisas externas para ser espiritual não importa se vc faz yoga ou é vegetariano. O que importa é seu interior. Ser espiritual é ser feliz. Se vc é feliz, você é espiritual!! Toda prática espiritual se resume a estar feliz e estar bem, manter a atitude positiva e nunca enxergar o lado negativo. A tradição na índia nos ensina como nos manter felizes e contentes em cada dia da sua vida.
Resumindo, ser espiritualizado é ser introvertido. E a tradição irá nos ajuda a crescer espiritualmente.

No dia seguinte cedo voltamos para ouvir Anubhavananda novamente e o tema foi muito interessante.
Yoga é definido de formas diferentes. Significa união, se junta, modo pelo qual chegamos a algo, mas o yoga de acordo com o baghavat gita é a melhor que apresentamos: quando o sofrimento vem ate você, você de recusa a sofrer. E a única pratica a fazer é dizer não vou sofrer, não importante o que aconteça. Yoga significa que você tem que descobrir sua própria felicidade. Quando procuramos a felicidade externa, sofremos. O ponto principal é: você está feliz ou não!? Precisamos insistir que cada momento é uma expressão de felicidade. Fazer toda e cada ação com o sentimento de contentamento.
O yoga ensinado por patanjali diz que temos integrar com o mundo para que nós sejamos felizes e também os outros sejam felizes. O habito de acumular coisas no mundo externo se reflete internamente e começamos a acumular pensamentos desnecessários. O habito de acumular é o mesmo no mundo externo e no interno. Quando vc está vazio é que descobre a
felicidade. No sono por exemplo, somos felizes pois desfazemos de nossas posses e relacionamentos. Apenas o nosso corpo dormindo. Yama sadhana é viver o mundo de maneira contente. Pensar em Deus em todas as ações e ver ele em todas as coisas.
Aquele que não é um problema para os outros e não vê os outros como problema está bem. Porque nós já criamos os nossos próprios problemas.
Aqueles que sofrem por causa dos outros estão longe da felicidade.
A pessoa que tem auto-disciplina é livre. Isso mos ensina limpeza externa e pureza interna. Nossas roupas, nossas coisas, nosso corpo deve ser limpo todos os dias. Nossa mente limpa, feliz e contente.
Devemos solucionar os problemas sem sofrimento. Para de reclamar. Ficar confortável e aceitar a situação qual quer que ela seja. Primeiro propósito é que somos tão dependentes que perdemos nossa liberdade. Também não temos auto-confiança e precisamos desenvolve-la.
Mas fazer isso com felicidade e de maneira simples.
Devemos também melhorar nossa vida a partir de nós mesmos. Saber o que está por baixo do corpo, entendendo o que está acontecendo por dentro. Não podemos dirigir um carro por horas sem sabermos onde estamos indo.
Independente do que acontecer no mundo externo, devemos manter nosso nível de felicidade apesar dos outros e de tudo ao nosso redor. Para isso, temos que vigiar a qualidade dos nossos pensamentos e da nossa mente. Alegria é uma força criativa.
Ishwara pranidhana é estar alerto de que Deus está nos observando internamente. Ele está em nosso coração e sempre observa tudo que estamos fazendo. Antes de pensarmos, ele já sabe que estamos pensando. Quando estamos conscientes dessa presença no nosso coração, nossa qualidade de vida vai mudar e o que fazermos de errado vai ser controlado.

Ásana na visão de patanjali é se manter estável e confortável. Estável e confortável na felicidade!! Asána é estabilidade!! Aprender a ficar estável em qualquer situação da vida, tendo disciplina acerca do que devemos fazer. Estabilidade no nível do corpo, da fala e no nível mental, cumprindo nossos propósitos até o final.
Ideal é o mínimo esforço em qualquer coisa que fazemos na vida. Quando colocamos muito esforço, não está normal, nosso Ego está crescendo e queremos provar alguma coisa. Por isso nunca devemos tentar provar nada pra ninguém, pois de fato ninguém se importa com a gente e sempre que tentamos provar, nos tornamos frustrados. Devemos apenas relaxar.
Isso se torna possível quando conseguimos dissolver este EU egóico.
Pranayama tem um propósito a ser entendido. Quando estamos prontos para controlar nosso prana, também seremos capaz de separar nosso corpo da nossa mente sem prejudica ambos. Quando o prana fica leve e lento, não estamos muito identificados com nosso corpo. O mesmo
acontece ao contrario.

O que é alcançado através do pranayama!? Liberação de toxinas no sangue, que é difícil de ser removida. Pranayama é feito para purificar o sangue. Também prepara nossa mente para a meditação, deixando-a calma e em paz. Só com esta mente mais tranquila poderemos fazer perguntas acerca da nossa existência.
Fazemos pranayama para separar o corpo da mente e sentar para meditar como ninguém, sem identificação. Assim, poderemos aplicar a nossa mente para algo maior. Como sabemos que estamos tendo benefícios. 02 sintomas: primeiro, parar de falar com você mesmo e antes de falar com os outros, vamos pensar 02 vezes. A pessoa que pratica pranayama regularmente, sua mente sempre estará em bom estado de espírito. Pranayama é o caminho para deixar nossa mente saudável.
Pratyahara. Temos 02 aspectos da personalidade, externo e interno. E existe uma porta que liga os dois. Os 04 acima estão no mundo externo. Dhrana, dhyana e samadhi estão no mundo interno, pratyahara é o que liga estes dois aspectos. Não conseguimos fazer nada para mudar o mundo externo, mas o que podemos fazer e fechar nossos sentidos e nos desligar disso. A liberdade de fechar todos os nossos sentidos é pratyahara.
Comer demais é não praticar pratyahara. Temos 10 oragos, 5 de sentido e 5 de ação. O único que podemos controlar é nossa língua. Se falamos alguma coisa é uma ação e quando provamos a comida, é um órgão de sentido. CONTROLE SUA LINGUA. Fale o menos possível. Se não for solicitado, não fale. Controle também a comida. Só assim, o mundo externo não estará entrando na nossa vida e assim, podemos controlar nossa mente.
Meditação é uma experiência e não um ato. É o subjetivo e não um verbo. Nunca começa e nunca termina.
